A goleada de 6 a 0 sofrida pela Seleção Brasileira Sub-20 contra a Argentina expõe problemas profundos na gestão da categoria. A derrota, comparável ao 7 a 1, não se limita ao placar, mas reflete a falta de planejamento e a desorganização que marcaram a preparação da equipe.
A demissão do técnico Ramon Menezes, cogitada após a não classificação para as Olimpíadas, nunca se concretizou, deixando a equipe à deriva. Sem calendário definido em março e junho, a seleção só se reuniu em setembro, com vitórias sobre o México que pouco representaram a realidade do Sul-Americano, já que a maioria dos jogadores convocados não foi liberada pelos clubes. Outubro e novembro foram dedicados a treinos e jogos-treino, sem amistosos relevantes.
A dificuldade em conseguir a liberação dos atletas, problema recorrente, agravou a situação. Vários jogadores pretendidos por Ramon não puderam se apresentar, e outros foram desconvocados posteriormente. A apatia em campo, os erros defensivos, especialmente pelo lado esquerdo, e a incapacidade de criar chances reais contra os argentinos evidenciaram a fragilidade da equipe.
A goleada se construiu rapidamente. Com apenas dez minutos, o Brasil já perdia por 3 a 0, com destaque para Etcheverry, algoz brasileiro também no Mundial Sub-17. As mudanças no segundo tempo não surtiram efeito, e a Argentina ampliou o placar, aproveitando os mesmos espaços na defesa brasileira. O sexto gol, após dois escanteios, sacramentou a humilhante derrota.
Criticar individualmente os jovens jogadores, como Moscardo, seria injusto. O resultado é consequência da gestão deficiente do futebol de base, marcada por indecisões e falta de prioridade. A derrota para a Argentina entra para a história como a pior da Seleção Sub-20 em jogos oficiais. O Brasil precisa se recuperar rapidamente nos próximos jogos contra Bolívia, Colômbia e Equador para buscar a classificação para o Mundial. Contudo, a mancha desta goleada dificilmente será apagada.