O excesso de jogos e as lesões no futebol: uma relação preocupante
O número excessivo de jogos no calendário futebolístico e o aumento de lesões entre os atletas têm sido motivo de crescente preocupação. Clubes, ligas e jogadores denunciam os impactos negativos dessa situação na saúde dos esportistas.
Especialistas em medicina do esporte alertam que o esforço físico intenso e a falta de descanso adequado sobrecarregam a musculatura, tornando os jogadores mais suscetíveis a lesões.
**Dr. Fernando Carmelo Torres**, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), afirma que o calendário intenso leva ao desgaste muscular e à perda de capacidade de resposta do corpo, aumentando o risco de lesões.
Dados da Premier League e da LaLiga revelam a realidade da situação: 70 lesões em músculos, ligamentos, tendões e ossos foram registradas na temporada 2024/25.
**Dr. Adriano Leonardi**, médico ortopedista especialista em traumatologia do esporte, reforça a importância do descanso para a recuperação muscular e destaca que o calendário atual impede que os atletas tenham tempo suficiente para se recuperar entre as partidas.
A seleção brasileira, por exemplo, sofreu com cinco desfalques por lesão na última convocação para a Data Fifa. **Éder Militão**, zagueiro do Real Madrid, sofreu diversas lesões desde fevereiro de 2023, incluindo uma ruptura do ligamento cruzado do joelho que o deixou sete meses afastado dos gramados.
Estudos mostram que o risco de lesões aumenta significativamente acima de 30 jogos por temporada. Além disso, o excesso de jogos também contribui para lesões mais graves, como a ruptura do ligamento cruzado anterior sofrida por **Dani Carvajal**, do Real Madrid.
A expansão da Champions League e do Mundial de Clubes, com mais jogos e datas, agrava ainda mais a situação, expondo os jogadores a uma sobrecarga física que pode impactar suas carreiras a longo prazo.
**Dr. Leonardi** observa um aumento nas lesões em atletas profissionais e carreiras mais curtas, com consequências para a saúde dos jogadores mesmo após a aposentadoria. **Dr. Carmelo** destaca que o futebol moderno exige mais dos atletas, impactando diretamente o tempo de carreira em boas condições.
Os especialistas defendem a redução do número de jogos como medida fundamental para proteger a saúde dos jogadores. Treinamentos adequados e descanso adequado também são essenciais para minimizar os riscos de lesões.
No entanto, o lado mercadológico do esporte muitas vezes coloca em risco a saúde dos atletas. Jogadores de alto valor, como **Neymar**, são frequentemente colocados em campo mesmo com risco de lesão, gerando grande preocupação.
A **European League**, a **LaLiga** e a **FifPro** apresentaram uma queixa à **Comissão Europeia** denunciando os excessos no calendário e suas consequências para o bem-estar dos atletas.
O debate sobre o excesso de jogos e a saúde dos atletas precisa ser levado a sério para garantir a segurança e longevidade da carreira dos jogadores.
Rodri sente o joelho direito em Manchester City x Arsenal pela Premier League — Foto: Action Images via Reuters/Jason Cairnduff