Endividado em cerca de R$ 2,7 bilhões, o Corinthians enfrenta pressão para adotar o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) após a apresentação do projeto “SAFiel”. Entretanto, a proposta enfrenta forte resistência interna.
O Conselho Deliberativo, órgão responsável por aprovar a mudança, demonstra oposição majoritária à transformação. Conselheiros, apegados à história e tradição do clube como associação, defendem a melhoria da gestão interna, com administração austera e competente, como alternativa viável para superar a crise financeira. O temor da perda de poder e a crença de que o Corinthians não deve ser vendido também alimentam a resistência.
A proposta de reforma do estatuto, embora abra caminho para a SAF com pré-requisitos como aprovação do Conselho e dos associados, proíbe a aquisição do controle majoritário por investidores externos, visando garantir a gestão e o controle institucional sob responsabilidade dos associados. Idealizadores da SAFiel consideram essa barreira um grande obstáculo, apesar do projeto prever a participação de torcedores como acionistas sem um controlador único.
Representantes da SAFiel entregaram uma carta de intenções aos presidentes da diretoria e do Conselho Deliberativo, Osmar Stabile e Romeu Tuma Jr., que se comprometeram a debater o tema internamente. Eduardo Salousse, um dos idealizadores da SAFiel, lamentou as possíveis dificuldades impostas pelas novas travas e alertou para a insustentabilidade do modelo atual.
Miriam Athie, conselheira defensora da SAFiel, criticou a ausência de Stabile no lançamento do projeto. Caetano Blandini, conselheiro do Conselho de Orientação (Cori), embora reconheça a necessidade de modernização, expressou sua oposição à implementação da SAF no momento atual, reafirmando o caráter popular do Corinthians.
José Francisco Manssur, coautor da lei da SAF no Brasil, atribui a resistência à longa tradição do modelo associativo e ao poder conferido aos conselheiros. Ele defende que cada clube encontre o modelo mais adequado às suas características e momento, reconhecendo a obsolescência do modelo associativo na maioria dos clubes brasileiros.
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, admite a necessidade de discutir o assunto, considerando as mudanças na tributação sobre clubes associativos a partir de 2027. A advogada Elisa Tebaldi, especialista em Direito Tributário voltado a SAFs, aponta que a reforma tributária tende a tornar o modelo associativo economicamente insustentável, com carga tributária superior à das SAFs.
SAFiel: Corinthians pode virar SAF? Entenda proposta que promete captar R$ 2,5 bilhões




