A disputa pelo comando da Confederação Brasileira de Futebol segue gerando tensão entre os principais clubes do país. Após a confirmação da candidatura única de Samir Xaud, apoiado por 25 federações e 10 clubes, um grupo formado por agremiações como Flamengo, Fluminense, Fortaleza, São Paulo e Internacional avalia boicotar a eleição marcada para domingo.
O movimento acontece após a sinalização de apoio de Vasco, Botafogo e Palmeiras à chapa de Xaud, que desarticulou os planos do bloco que defendia o nome de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol. A decisão dos três clubes foi recebida com surpresa e frustração por parte dos aliados de Bastos, que viram na união dos 40 times das Séries A e B uma oportunidade perdida de pressionar por reformas na estrutura da CBF.
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, ressaltou que, embora o apoio às federações seja legítimo dentro do processo democrático, há incômodo com a condução da eleição, considerada acelerada e sem a devida participação dos clubes. O sentimento foi ecoado em bastidores e grupos de dirigentes, especialmente pela ausência de debate e pela falta de garantias de autonomia do candidato escolhido.
Alessandro Barcellos, do Internacional, também demonstrou cautela. Segundo ele, os clubes ainda debatem internamente a possibilidade de não participarem do pleito, buscando formas de expressar insatisfação sem comprometer o processo. Para Barcellos, mais do que discursos, é essencial obter compromissos concretos, como a revisão do estatuto para equilibrar o peso dos votos entre federações e clubes.
Ainda não há uma definição. Temos até domingo para avaliar todas as propostas, discutir pontos fundamentais e, se necessário, elaborar uma crítica construtiva ao processo – afirmou o dirigente.
A eleição da nova diretoria da CBF está agendada para domingo, às 10h30, com previsão de participação remota devido à rodada do Campeonato Brasileiro. Samir Xaud, médico de 41 anos, deve ser eleito com base no apoio já formalizado, iniciando um mandato de quatro anos, até 2029. No entanto, mesmo com o resultado praticamente definido, parte dos clubes reforça a necessidade de manter a coesão e reivindicar protagonismo no futuro do futebol brasileiro.
Marcelo Paz, do Fortaleza — Foto: Raphael Zarko