Após cumprir suspensão diante do Flamengo, volante retorna ao time para confronto decisivo contra o Atlético Nacional na Libertadores
Tradicionalmente, o papel do primeiro volante é de proteger a retaguarda defensiva, com um estilo combativo e físico — aquele jogador que carrega a fama de “cão de guarda”. Nomes como Baiaco, Lima Sergipano, Fausto, Bebeto Campos e Gregore são alguns exemplos de atletas que marcaram época no Bahia com essa função.
Contudo, nos últimos anos, o perfil do volante evoluiu. Um novo estilo ganhou força: o jogador técnico, de bom passe e movimentação refinada. E no Bahia, quem tem chamado atenção com essas características é Caio Alexandre, que veste a camisa 19 — número incomum para a posição, mas símbolo de uma nova abordagem tática no futebol moderno. Sua elegância em campo lembra o talento de Paulo Rodrigues, ídolo do título brasileiro de 1988.
Caio Alexandre, de 26 anos, está cotado para voltar ao time titular nesta quarta-feira contra o Atlético Nacional, em partida válida pela fase de grupos da Libertadores. Na rodada anterior, contra o Flamengo, ficou de fora por suspensão.
No Brasileirão de 2024, Caio foi o líder em passes certos da equipe, mantendo impressionante taxa de acerto de 91%, segundo dados do Sofascore — repetindo o feito da temporada anterior, quando superou os 2 mil passes com 92% de precisão. Ele é peça-chave na construção das jogadas ofensivas do Tricolor.
— Acredito que meu principal atributo seja o passe. Trabalho muito para organizar o jogo e facilitar as ações dos meus companheiros — afirmou o jogador em entrevista ao ge.
Com perfil mais ofensivo, Caio é responsável por iniciar as jogadas desde a defesa, atuando como elo entre os setores do campo. Ele destaca a importância de criar boas oportunidades para que seus colegas possam finalizar ou dar sequência nas jogadas.
Desenvolvimento na marcação
Apesar da qualidade ofensiva, o desempenho defensivo sempre foi um aspecto que Caio Alexandre buscou melhorar. Desde que chegou ao Bahia, ele tem contado com o apoio do técnico Rogério Ceni para evoluir nesse quesito.
— O professor tem sido fundamental nessa minha evolução defensiva. Hoje consigo marcar com mais eficiência, ser mais combativo e equilibrado em campo — declarou o volante.
A evolução é visível nos números: nesta edição do Brasileirão, Caio registra média de 1,3 interceptações e 2,2 desarmes por jogo — um crescimento em relação aos 0,2 e 1,6, respectivamente, registrados no ano anterior.
— Vim buscando melhorar esse aspecto desde que cheguei. Hoje consigo competir mais, ser mais agressivo e trazer equilíbrio ao time — completou.
Identidade com o clube e a cidade
Contratado em janeiro de 2024 por R$ 24,3 milhões, uma das maiores cifras da história do futebol nordestino, Caio Alexandre soma 87 partidas pelo Bahia, com três gols e seis assistências. Mas sua presença vai além dos números: o jogador conquistou a torcida com seu carisma e bordões. Um deles, herdado do tempo de Fortaleza, ganhou nova versão em Salvador:
— É o Esquadrão, não tem jeito — brinca Caio, que se diz encantado pela cidade.
— Tenho me identificado cada vez mais com Salvador. Gosto de conhecer a cultura e me adaptar ao lugar onde vivo. O carinho do povo aqui é incrível, e isso me motiva todos os dias — acrescenta.
Com moral no elenco, Caio volta a ser opção para Ceni num confronto vital pela Libertadores. Mesmo após a derrota para o Nacional, o Bahia lidera o Grupo F com sete pontos e pode garantir a classificação contra o Atlético Nacional, em Medellín, nesta quarta-feira, às 19h (de Brasília).
— Para marcar seu nome na história de um clube, é preciso conquistar títulos e alcançar grandes feitos. É isso que eu busco aqui. Quero ser lembrado por tudo que estou construindo no Bahia — concluiu o volante.
Além dele, o técnico Rogério Ceni também poderá contar com Erick, outro volante que retorna de suspensão.
