O perfil do centroavante clássico parece estar rareando no futebol mundial, mas atacantes da Escandinávia ganham destaque na Europa, impulsionados por gols, técnica e transferências de alto valor.
Viktor Gyökeres, sueco, liderou a artilharia global em competições de clubes na temporada 2024/25, marcando 54 gols em 52 jogos pelo Sporting, após 43 na temporada anterior. Essa performance o levou ao Arsenal por até 73 milhões de euros.
Com 1,89m e 94kg, Gyökeres apresenta um biotipo similar ao de Erling Haaland, do Manchester City, que marcou 34 gols em 48 jogos, figurando como o décimo maior artilheiro entre as principais ligas.
Outro sueco, Alexander Isak, marcou 27 gols em 42 jogos pelo Newcastle, que recusou uma oferta de 885 milhões de reais do Liverpool pelo atleta. O dinamarquês Mika Biereth igualou a marca atuando por Sturm Graz e Monaco.
A temporada 2024/25 viu quatro centroavantes escandinavos no top 20 de goleadores de clubes nas principais ligas. Alexander Sorloth, norueguês, quase integrou o grupo com 24 gols pelo Atlético de Madrid.
Jorgen Strand Larsen, também norueguês, marcou 14 gols em 38 jogos pelo Wolverhampton, enquanto Kasper Dolberg, dinamarquês, registrou 24 gols em 45 partidas pelo Anderlecht. Rasmus Hojlund, por outro lado, marcou apenas 10 gols pelo Manchester United.
Essa concentração de talentos escandinavos levanta questões sobre possíveis fatores em comum, mudanças na formação de atletas e a ascensão de jogadores dessa região.
A altura média da população escandinava, cerca de 1,80m para homens de 19 anos, e a alta qualidade de vida, refletida no Índice de Desenvolvimento Humano, podem ser fatores contribuintes.
O pesquisador Geir Jordet destaca a paixão por esportes e as estruturas bem desenhadas para o alto rendimento nesses países. A população combinada de Dinamarca, Noruega e Suécia, pouco acima de 22 milhões, pode direcionar os talentos para o ataque.
O avanço dos campos artificiais, especialmente na Noruega e Suécia, permitiu treinos em condições climáticas adversas, resultando em um jogo mais rápido. O goleiro brasileiro Ricardo Friedrich, que atuou na Suécia e Noruega, destaca a mentalidade, concentração, intensidade e faro de gol dos atacantes escandinavos.
Pesquisas indicam um aumento significativo no número de campos artificiais na Suécia a partir de 2006, impulsionando a popularidade do futebol. Na Noruega, investimentos em pesquisa e desenvolvimento garantiram o acesso ao conhecimento científico e prático para o desenvolvimento de jogadores.
As categorias de base escandinavas priorizam a técnica, consciência de posição, experiência nos times principais e preparação mental e tática.
Apesar desses fatores, a ascensão de centroavantes escandinavos é multifacetada. A Dinamarca, influenciada pelo futebol holandês, adota o esquema tático 4-3-3, privilegiando o camisa 9.
Um levantamento da Opta indica um aumento nos gols marcados por jogadores escandinavos nas principais ligas europeias. Seis atletas desses países marcaram 10 ou mais gols na última temporada, o mesmo número do Brasil.
Jon Dahl Tomasson, técnico da Suécia, destaca a excelência sueca no desenvolvimento de talentos e a rica história do futebol dinamarquês. A geração atual de Haaland, Gyökeres e Isak combina técnica, mobilidade e força, apontando um novo caminho para jogadores da posição.
Lars Hallengreen, chefe do departamento de scout do Malmö, ressalta a combinação de fatores culturais, de desenvolvimento e físicos, resultando em jogadores altos, atléticos, fortes em duelos, com excelente aceleração e velocidade, unindo a “fisicalidade nórdica” com ritmo moderno e mobilidade.
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