O Botafogo salvou a Seleção?
As manchetes gritam: “Botafogo salva a Seleção”. Memes pipocam com Dorival Júnior pensando em convocar o time inteiro. A torcida do Botafogo se orgulha dos gols de Igor Jesus e Luiz Henrique, mas a vitória sobre o Chile não resolve a relação problemática entre clubes e seleção.
A obviedade se impõe: o futebol de clubes precisa ser interrompido para as convocações da Seleção. A CBF e os dirigentes brasileiros resistem, mas qual a reação do torcedor se Igor Jesus, Luiz Henrique e Alex Telles desfalcassem o Botafogo em jogos decisivos do Brasileirão?
Essa situação já foi realidade, persiste na Copa América e provavelmente se repetirá em 2025, com o calendário sobrecarregado pelo Mundial de Clubes e pelos campeonatos estaduais.
Dorival Júnior se sentiria confortável convocando três jogadores do mesmo time, sabendo dos danos que causaria ao clube? A resposta é clara: anos de bizarrices e limitações na convocação para evitar conflitos com torcidas.
Quem é mais selecionável hoje? Igor Jesus, Luiz Henrique ou Alex Telles? O técnico da Seleção, seja quem for, precisa ter liberdade para convocar os melhores, sem constrangimentos. O trabalho dele é pensar na Seleção.
A CBF e os clubes devem garantir um calendário racional para evitar conflitos. Se os estaduais persistirem com suas 16 datas, as competições importantes serão prejudicadas e as datas FIFA serão sobrepostas.
O ciclo vicioso se repete: orgulho da torcida pelo jogador na Seleção versus o pedido para que ele não seja convocado. A situação atual serve como exemplo claro da necessidade de uma solução urgente.
Luiz Henrique Brasil Chile Santiago — Foto: Javier Torres/AFP